Entenda o Rol da ANS e a DUT: Como Garantir Seus Direitos no Plano de Saúde
O universo da saúde suplementar no Brasil é frequentemente pautado pela relação entre o Rol de Procedimentos e Eventos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e as Diretrizes de Utilização Técnica (DUT). Esses elementos são fundamentais para compreender os planos de saúde, a cobertura de tratamentos e os direitos dos pacientes. Esses instrumentos regulatórios impactam diretamente a cobertura de tratamentos pelos planos de saúde, muitas vezes resultando em conflitos entre beneficiários e operadoras.
Com a sanção da Lei 14.454/2022, que tornou o rol exemplificativo, novos caminhos foram abertos para a defesa dos direitos dos pacientes. Este artigo busca esclarecer o que é a DUT da ANS, como ela afeta os beneficiários e o que mudou com a nova legislação.
O que é a DUT da ANS?
A Diretriz de Utilização Técnica (DUT) da ANS é um conjunto de critérios de cobertura que os pacientes precisam preencher para ter acesso a tratamentos cobertos pelos planos de saúde. A DUT ANS tratamentos estabelece condições específicas que regulam o acesso à assistência médica oferecida pelas operadoras.
A DUT está vinculada ao Anexo II do Rol de Procedimentos e Eventos da ANS, que estabelece condições específicas para a cobertura de procedimentos. Em outras palavras, mesmo que um tratamento esteja listado no rol, sua cobertura pode estar condicionada ao cumprimento das exigências da DUT.
Esses critérios podem incluir aspectos como:
- Indicações previstas na bula do medicamento;
- Condições clínicas do paciente;
- Falha em tratamentos anteriores.
Na prática, essas exigências limitam o acesso de pacientes a tratamentos necessários, criando barreiras burocráticas muitas vezes consideradas abusivas.
Por que a DUT foi criada?
A DUT foi instituída com o objetivo de regulamentar o uso racional dos recursos da saúde suplementar, garantindo que tratamentos oferecidos pelos planos sejam cientificamente embasados e clinicamente apropriados. Contudo, em muitos casos, as diretrizes são aplicadas de forma inadequada, contrária às prescrições médicas e aos direitos dos beneficiários previstos na legislação.
O Rol da ANS e a sua evolução com a Lei 14.454/2022
O Rol de Procedimentos e Eventos da ANS é uma lista que define os tratamentos que devem ser obrigatoriamente cobertos pelos planos de saúde. Em 2022, a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concluiu que o rol possui, em regra, caráter taxativo, mas definiu situações excepcionais para cobertura de procedimentos não listados. Essas exceções incluem tratamentos com indicação médica, sem substituto terapêutico disponível no rol, desde que respaldados por evidências científicas e recomendações de órgãos técnicos renomados.
Entretanto, a sanção da Lei 14.454/2022 trouxe mudanças significativas na legislação, tornando o rol exemplificativo e ampliando as possibilidades de cobertura, com impacto direto nos direitos dos beneficiários. De acordo com a nova norma, as operadoras devem cobrir tratamentos não listados no rol desde que atendam a um dos seguintes requisitos:
- Comprovação científica de eficácia, baseada em evidências;
- Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) ou de pelo menos um órgão de avaliação de tecnologias em saúde com renome internacional.
Essa alteração foi uma resposta às demandas da sociedade e do setor médico, que consideravam o rol taxativo uma afronta à autonomia médica e aos direitos dos pacientes. No entanto, mesmo com a sanção da Lei 14.454/2022, as operadoras de planos de saúde continuam negando a cobertura de tratamentos, o que força muitos beneficiários a recorrerem à judicialização para garantir o acesso às terapias necessárias.
Impactos das Mudanças
Apesar da Lei 14.454/2022 e da mudança para um rol exemplificativo, observa-se que a autonomia médica e a redução de negativas abusivas ainda não se consolidaram na prática. As operadoras continuam negando tratamentos baseadas na DUT ou em interpretações restritivas do rol, o que tem levado muitos beneficiários à judicialização. Embora a legislação ofereça ferramentas para defesa, a efetiva proteção dos direitos dos pacientes segue como um desafio.
O que fazer em caso de negativa?
Se o plano de saúde recusar um tratamento com base na DUT ou no rol da ANS, considere as seguintes medidas para reverter a negativa:
- Obtenha um relatório médico detalhado: solicite ao médico assistente um documento que justifique a necessidade do tratamento, incluindo referências a estudos científicos.
- Procure um advogado especialista: um profissional especializado em direito da saúde pode avaliar seu caso e propor a melhor estratégia, seja administrativa ou judicial.
- Aja rapidamente: em muitos casos, o tempo é essencial para garantir o tratamento prescrito.
Considerações Finais
O entendimento do rol da ANS como exemplificativo e a revisão da aplicação da DUT são avanços significativos para a proteção dos beneficiários. Contudo, é imprescindível que pacientes e profissionais de saúde estejam bem informados sobre seus direitos. A busca pela efetivação desses direitos, muitas vezes, passa pelo apoio de especialistas que conheçam as nuances das normas regulatórias e saibam como aplicá-las para garantir o melhor interesse do paciente.
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